segunda-feira, 30 de maio de 2011

A máquina de preparar mamadeiras da Nespresso (Nestlé)



Nesta fotografia dá pra ver a tal máquina em detalhes.
A mamadeira que aparece é da marca AVENT.
Eu não tinha certeza, mas desconfiava mesmo que a Nespresso fosse da Nestlé.
É.
No link abaixo, a Nestlé reclama que outras empresas européias copiaram sua idéia (máquinas, cápsulas).

http://exame.abril.com.br/negocios/empresas/noticias/nestle-acusa-concorrentes-copiarem-nespresso-590151

Será que essas empresas também vão copiar a idéia de sofisticar o preparo de mamadeiras?

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Uma máquina da Nespresso para preparar mamadeiras: seria cômico se não fosse trágico

 
Pois é, a Nestlé lançou uma cápsula de leite em pó para preparar mamadeiras nas máquinas de Nespresso, o sistema BabyNes. Por enquanto só tem na Suíça.
 
A empresa garante "a máxima segurança e comodidade" do produto (os consumidores acreditarão nisso). Afirma também que apóia as recomendações da OMS quanto ao aleitamento materno, argumentando se preocupar em fornecer uma alternativa de alta qualidade para as famílias (que vão acreditar nisso. Claro! ela é o maior fabricante de alimentos do mundo!! Seu mais recente slogan no Brasil é "Nestlé Faz Bem" !!!).
 
Outro dia tive notícia de que a Nestlé tem na Suiça um museu do alimento, o Alimentárium. Há dois anos, ela comprou a Gerber (indústria de mamadeiras).
 
Enquanto isso, 1 milhão e 300 mil bebês morrem a cada ano em todo o mundo porque não foram amamentados. Quem diz isso é a Organização Mundial de Saúde e não uma teoria da conspiração.
 

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A avaliação periódica da produção industrial como valor para a edificação de uma cultura sensata de consumo

Não há como abrir mão do conforto que os produtos nos proporcionam, dos valores que adicionam ao nosso cotidiano, do prazer que temos ao adquiri-los, incluindo-os em nossas vidas. Enfim, não deixaremos de comprar, e a indústria e o comércio continuarão a estruturar nosso sistema econômico.

Quando compramos, não costumamos pensar que aqueles são elementos de um intrincado jogo que envolve injustiças sociais, influências econômicas, interesses políticos, consequências ambientais. O produto é novo, é puro, é zero quilômetro. Ele é uma chave que nos permite participar dos progressos alcançados no mundo, sua aquisição é um sinal de desenvolvimento individual; sua posse, um símbolo do alcance de patamares de liberdade.

Mas quando o produto nos traz problemas, revelando-se perigoso, de difícil compreensão e manuseio, ou, ainda, frágil, muitas vezes nos voltamos contra ele com indignação, afinal sua origem industrial e sua publicidade nos prometiam eficiência, além de modernidade. Assim, às vezes percebemos que o uso de um produto pode nos trazer consequências negativas.

Às vezes não percebemos isso. No caso específico das mamadeiras, os perigos e males provocados pelo produto são invisíveis. Muitos pediatras a recomendam, as bonecas a trazem como acessório, todos a utilizam corriqueiramente. As empresas têm tradição e fazem "pesquisas de ponta" para aperfeiçoá-la. O produto nos proporciona sossego, descanso, momentos de liberdade.
Entretanto, esses argumentos podem ser derrubados por poucas palavras:

As mamadeiras são compostas de várias partes, conectadas por roscas. Para diluir o leite em pó é necessário misturá-lo com água. Feita a solução, depois de duas horas em temperatura ambiente as bactérias começam a se reproduzir, encontrando ali ambiente adequado. A esterilização constante do produto mata as bactérias, mas sabe-se que muitas pessoas não dispõem desse recurso, nem dispõem de água de qualidade.

O que era invisível torna-se tão claro e elementar que chega a provocar constrangimento, especialmente nos designers. Como não havíamos pensado nisso antes? Como não fomos capazes de olhar criticamente para o produto e sintetizar conhecimentos simples que já dominávamos: a complexidade das peças dificultando a higienização, a existência de bactérias e o problema mundial de acesso a água?

Ao constatar que há mais de 35 anos uma luta mundial é respaldada por estudos científicos — encabeçada por entidades como a OMS, a Unicef e muitas outras organizações civis que promovem mobilização internacional e conquistam tomadas de medidas estatais— vem tentando alertar as pessoas sobre o problema, ao constrangimento dos designers é acrescida a consciência quanto ao nosso nível de embotamento como consumidores.

É preciso edificar uma conduta sensata de consumo paralelamente às indispensáveis medidas estatais. Tal conduta não é uma medida a ser tomada pelos governos, mas fruto de uma consciência a ser adquirida pelos consumidores. Se a sociedade não transformar seus valores, sempre haverá mercado para quaisquer produtos.

domingo, 15 de maio de 2011

Efeito perturbador



Procurei uma imagem que traduzisse a reação das pessoas nas ocasiões em que lhes falo sobre os problemas da mamadeira. A melhor que encontrei foi essa, mas esse tom de humor atrapalha.

Eu fico pensando em como seria bom se eu pudesse fazer retratos das feições de quem vai aos poucos entendendo e reconhecendo a gravidade do problema. E como é fácil demonstrá-lo! E como eu e todo mundo não tivemos ou temos a capacidade crítica de perceber a problemática primária que envolve esse produto ...

O bom é que, de minha pequena parte, tenho conseguido angariar uns bons multiplicadores do assunto. É assim mesmo: a informação precisa "passar por debaixo da porta". A porta é de ferro blindado, toda enfeitada com lindas etiquetas coloridas e promessas de total segurança, alegria, felicidade. FAZ BEM, está escrito.

Mas a fresta existe.