segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Superpoderes


Bom, eu acho que todo mundo tem superpoderes. Somos uma máquina superpoderosa, com funcionamento requintado, de qualidade insuperável. Um sistema que ultrapassa qualquer máquina já pensada. O corpo humano, a capacidade de SER que temos, deixa qualquer nave espacial no chinelo. No chinelo mesmo.

E daí, é claro, também damos defeito. E um deles é uma tendência enorme a delegar às coisas, aos objetos, aos produtos, às máquinas, aquilo que temos capacidade de realizar. Porque esses utensílios "nos poupam". Só que essa "poupança", essa "economia" tem - como tudo na vida - seu lado bom e seu lado ruim.

Uma das coisas que mais me impressionaram até hoje foi a informação de que, com o surgimento do alfabeto, as pessoas foram aos poucos deixando de ter que memorizar informações; que com o advento da imprensa, a oralidade foi perdendo seu papel, sua importância. Sem dúvida o alfabeto e a imprensa alargaram nossas possibilidades perante o conhecimento. Mas deixamos de dispor de nossa memória em todo o seu potencial.

Hoje me espanto ao constatar que perdi grande parte da minha capacidade em fazer contas de cabeça. Mas ainda me salvo, porque a imensa maioria dos meus alunos é incapaz de realizar isso. As coisas, como a calculadora, fazem as coisas por nós.

Que bom que há coisas que fazem coisas por nós.

Que bom quando essas coisas - que fazem as coisas por nós- as fazem bem, as fazem tão bem ou melhor do que nós. Ou mesmo mais agilmente do que nós.

O problema é quando essas mesmas coisas fazem coisas ruins e, por serem coisas (e por elas supostamente sempre fazerem coisas boas por nós), lhes damos o aval de que fazem as coisas muito melhor do que nós.

Não fazem.

E no caso do leite, além de não chegarem nem no dedão do pé, fazem mal.




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