quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Crise hídrica



Fomos pegos de assalto por essa falta de água no sudeste brasileiro.

A coisa está mesmo feia, com represas no "nível morto", racionamento, corte de água e aumento de tarifas.

Confesso que, embora há muito tempo eu esteja consciente da finitude dos recursos hídricos, de jeito nenhum imaginava que pudéssemos senti-la tão forte e assim tão cedo.

Mas os bebês, felizmente, podem ser protegidos da crise, podendo até contribuir para o racionamento se forem amamentados.

O leite humano tem tudo de que um bebê, dos 0 aos 6 meses necessita. A Organização Mundial da Saúde recomenda que ele seja amamentado exclusivamente durante esse período, sem que seja necessário oferecer-lhe água, chá ou sucos (é claro que para isso a mãe precisa estar disponível para alimentá-lo em livre demanda: pediu, recebeu. E, em caso de necessitar ausentar-se, deixar guardadinho o leite humano pra ser administrado à criança por meio de um copo). Então, se a mãe tiver acesso a água de qualidade, tudo estará resolvido.

Se, no entanto, o bebê for alimentado por leites artificiais em mamadeiras, fazendo uma lista básica e rápida daquilo que faz parte da nossa rotina teremos:

- água para a mãe beber
- água para o bebê beber
- água para hidratar o leite em pó;
- água para lavar e esterilizar a mamadeira

Essa última água, então, não é pouca... porque pra realmente garantir que a mamadeira fique livre das bactérias (que começam a se proliferar após 1 hora e meia do líquido exposto à temperatura ambiente, e sei lá se é isso tudo mesmo nesse calor), a lavagem precisa ser completíssima, esmeradíssima. É só pensar no fato de que o produto é composto de muitas partes, que se conectam por roscas. Roscas que constituem um ambiente ideal pras tais bactérias de esconderem e se multiplicarem (!). Além do bico em material aderente, aquela coisa que "cola".

Ilustração de Fernando Carvalho

Por isso as agências internacionais de saúde recomendam que, em situações de emergência, o que mais poderá proteger as crianças é a preservação da amamentação.

A natureza está nos pondo à prova... mas acho que ela pensou em deixar guardadinho um recurso maravilhoso para proteger as crianças.





sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A voz da experiência




1990
Av. Rio Branco, Rio de Janeiro
Bilhete do chefe (venezuelano) para mim (designer)
Nossa tarefa: o livro que registra a memória técnica da Usina Hidrelétrica de Itaipu
Motivo do bilhete: agradecimento pelo empréstimo do livro abaixo




Minha filha já tinha perto de um ano quando a mulher do meu chefe engravidou.
Ele, Gustavo Reyes, havia sido muito paciente comigo perante as inúmeras solicitações que lhe fiz quanto a alteração de horário de trabalho, de modo a atender minha filha nas muitas solicitações que me fazia quando pequena. Gustavo franzia um pouco a testa, suspirava um pouco, mas acabava por consentir cada um dos meus pedidos com um sorriso pequenininho, assim, no canto da boca.

Até que um dia ele trouxe a notícia: estava grávido!

E quando o bebê nasceu, era ele quem chegava sempre atrasado, com aqueles olhos fundos de quem mal conseguira dormir.

O que há, Gustavo?
Estamos tendo problemas para alimentar o bebê...

Eu havia ganhado de uma colega, Anita, o livro do Dr. Carlos Beccar Varela assim que engravidei. No dia seguinte, o levei pra ele. E algum tempo depois o livro me foi devolvido com esse simpático bilhetinho.

Isso não foi suficiente para nos livrar da adesão às mamadeiras naquela época. Mas ajudou muito, garantindo que por algum tempo os bebês fossem amamentados.

Hoje as coisas evoluíram muito, felizmente. Há farta informação sobre o assunto disponível para contrabalançar a perigosa influência da cultura dos leites artificiais e mamadeiras.

As pessoas se ajudam, uma mão lava a outra, no melhor sentido dessas expressões.





quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Há também boas notícias




A gente sabe que a euforia com a chegada de um novo ano não demora a ver frustrada aquela esperança toda de felicidade, paz e prosperidade.

No mundo, começamos o ano com o atentado em Paris e o prosseguimento dos massacres na Nigéria. No Brasil prosseguimos com a sequência diária de violência contra inocentes, roubalheira nas instituições, esgotamento de recursos naturais etc.

Mas o fato é que precisamos seguir vivendo, e para isso precisamos nos alimentar com as coisas boas que felizmente também acontecem. Elas nos suprem com energia para aguentar as pressões e também para contribuir de alguma forma no sentido de que essas pressões diminuam.

Pelo segundo ano consecutivo o Papa Francisco incentivou a amamentação em público durante a cerimônia de batismo na Capela Sistina, em Roma.

Tive a alegria de ser consultada pela jornalista Dandara Tinoco, do jornal O Globo, na matéria publicada nessa última segunda-feira.

http://oglobo.globo.com/sociedade/religiao/declaracao-de-papa-em-defesa-da-amamentacao-em-publico-elogiada-por-mulheres-15024896

A repercussão das palavras do Papa, sem dúvida, está mudando o destino de muitas crianças e de suas famílias.

Isso é verdadeiramente valioso.