sábado, 22 de abril de 2017

Alegrestristes



É como uma noite com sol, como uma seca umidade, uma escuridão brilhante.

Chegar aos 50, 60 anos, e ir além é assim: uma bipolaridade entre a alegria e a dor. Um crescer sem expandir de tamanho.

Já se passou por tanta coisa ... do nascimento à infância, adolescência e o tempo de ter filhos, de vê-los crescer, sofrer e às vezes vê-los morrer. De temer por eles ao saber que não há como protegê-los pra sempre.

Tempo de ver nossos pais envelhecendo até que morram. E tempo de assistir a vida brotando, nos filhos dos filhos, nos filhos dos amigos dos filhos, sobrinhos, jovens amigos. Tempo de ver no olhar de companheiros da mesma idade o amor vibrante por seus netos.

E tempo de perder amigos, prematuramente, impiedosamente acometidos por doenças.

Tempo de valorizar cada dia, de recomendar que os queridos se cuidem, de rezar por todos eles. Porque sabemos, sabemos que caminhamos sobre um fio fino, que exercitamos a arte de nos equilibrar sobre ele, desde a primeira respiração.

Por isso a importância de respeitar nossa chatice; por isso ficamos alegres/tristes ao mesmo tempo.

Amor pelos que se vão. Amor pelos que chegam.


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